Sábado | 18 de Abril de 202




Estávamos sentados fora da caravana a beber café. A tranquilidade do lugar parecia mágica, e o som da água ao fundo dava ainda mais encanto ao ambiente.

Hoje apetece-me fazer algo diferente. Que tal explorarmos ainda melhor a floresta? Vi umas trilhas perfeitas para uma caminhada. — Disse ele, com uma energia que me contagiou

Sorri, adorei a ideia, mas, de repente, algo inesperado aconteceu, um estalo agudo quebrou o silêncio, num ruído estranho, semelhante a um curto-circuito. Olhámos um para o outro, franzindo a testa. O som vinha de dentro da caravana.

Ele foi o primeiro a levantar-se, deixando a caneca de café de lado.

Ouviste isto? — Perguntei, com a voz carregada de inquietação.

Sim… e não me parece nada bom! — Respondeu ele, a caminhar com cautela.

Ao nos aproximarmos, o som metálico e irregular ecoou mais uma vez, seguido de um estalo seco. Algo estava definitivamente errado. Hesitei por um momento, mas logo o segui. Ele abriu a porta da caravana com cuidado.

Lá dentro, a luz piscava intermitentemente, e um cheiro forte de queimado impregnava o ar. No canto da pequena cozinha, o micro-ondas fazia um barulho estranho, como se estivesse ligado sozinho. Mas o pior ainda estava por vir: um leve zumbido começou a intensificar-se, e cresceu num tom ameaçador.

Paulo… acho que devíamos sair daqui agora. — Murmurei, e dei um passo atrás.

Antes que pudéssemos reagir, algo dentro do micro-ondas explodiu numa faísca azulada, e lançou uma luz fantasmagórica pelo interior da caravana…

Recuámos instintivamente quando a faísca azulada iluminou o interior da caravana. O cheiro de queimado ficou mais forte.

Desliga a eletricidade! — Gritei, a cobrir o nariz com a manga do casaco.

Ele não hesitou. Lançou-se para o fundo da caravana, onde ficava o pequeno quadro elétrico. Mas, antes que pudesse alcançá-lo, uma nova faísca saltou do micro-ondas, e atingiu a torradeira. O aparelho emitiu um ruído estranho e começou a vibrar na bancada.

Que porra é esta?! — Exclamou, desviando-se por pouco de uma nova faísca que ricocheteou na parede metálica.

Eu agarrei num pano e, sem pensar muito, cobri o micro-ondas na tentativa de conter o curto-circuito. A luz azulada brilhou por baixo do tecido, mas pareceu perder força.

Rápido, Paulo! — Insisti, a sentir a tensão no ar.

Com um movimento firme, ele puxou a alavanca do disjuntor principal. Num instante, a caravana mergulhou na escuridão e no silêncio absoluto, interrompido apenas pela respiração ofegante dos dois.

Por alguns segundos, nada aconteceu. O cheiro a queimado ainda pairava no ar, mas os estalos e faíscas pararam.

Achas que já passou? — Perguntei.

Antes que ele pudesse responder, um estalo seco veio debaixo da bancada. Ele baixou-se lentamente e, ao erguer a toalha, viu os restos chamuscados do micro-ondas. Mas não foi isso que o fez prender a respiração.

Entre os fios queimados, algo parecia mover-se… algo pequeno, metálico e pulsante.

Ele engoliu em seco.

Laura… acho que isto não foi um simples curto-circuito.

Segurou o pequeno dispositivo entre os dedos, sentindo o metal frio e irregular. Girou o objeto, observando a luz vermelha que piscava lentamente.

Isto não estava aqui antes… — Disse, a cruzar os braços.

Claro que não! — concordou o Paulo. — Mas como é que veio aqui parar?

O silêncio entre os dois foi pesado. Estávamos isolados, sem contato com ninguém além das chamadas ocasionais. A ideia de que alguém pudesse ter estado ali, sem que percebêssemos, fez-me um arrepio subir pela espinha.

Será que… alguém nos seguiu? — Perguntei.

Ele não respondeu imediatamente. O olhar estava fixo no objeto, como se tentasse decifrar o seu propósito. O formato lembrava vagamente um transmissor, mas era pequeno demais.

Pode ser só uma peça que queimou no curto-circuito. — Sugeri, a tentar afastar o nó de inquietação que crescia dentro de mim.

Ele franziu a testa.

E desde quando um micro-ondas tem isto lá dentro?

O silêncio voltou, e, por um breve instante, só se ouvia o som da água a correr.

Senti o peito apertar. Uma parte de mim queria acreditar que era apenas coincidência, um acidente elétrico e nada mais.

De qualquer forma, isto não devia estar aqui. — Disse o Paulo, interrompendo os meus pensamentos. — É melhor livrarmo-nos disto.

Ele moveu-se para atirar o dispositivo para fora da caravana, mas hesitou.

O que foi?

Ele apertou os lábios.

E se for importante? Se for um rastreador, talvez funcione ao contrário… talvez possamos descobrir quem colocou isto aqui.

Respirei fundo.

Ele encarou o pequeno dispositivo por mais alguns segundos antes de o atirar sobre a mesa com um suspiro.

Seja lá o que for, não vamos resolver isso agora — Disse ele, passando a mão pelo rosto. — Vamos dar um tempo e pensar com calma.

Eu concordei com um aceno, mas os meus olhos ainda estavam fixos no objeto. Por mais que tentasse afastar o desconforto, sentia que aquilo não era apenas um acaso.

Respirei fundo e sacudi a cabeça.

Ok… mas primeiro, precisamos dar um jeito nesta desgraça.

A luz da caravana ainda estava desligada, e o cheiro a queimado continuava no ar. O micro-ondas, agora inútil, estava enegrecido pelo curto-circuito. O chão tinha pequenos resíduos de fuligem, e a bancada da cozinha estava coberta de migalhas e pó.

Certo! — Disse ele, a bater palmas. — Se estamos a viver isolados, pelo menos que seja num lugar limpo.

Abri as janelas para renovar o ar, enquanto o Paulo pegou num balde e começou a limpar a bancada. Logo, o cheiro foi substituído pelo aroma fresco de sabão e madeira úmida.

A rotina de organização trouxe um certo alívio, uma normalidade bem-vinda depois do susto. Quando terminámos, atirei-me sobre o pequeno sofá, exausta.

Bem melhor assim! — Disse, e fechei os olhos por um instante.

O Paulo sentou-se ao meu lado, e esticou as pernas.

— E agora? Ainda alinhas na caminhada que sugeri mais cedo?

Abri um olho, e fingi considerar a ideia.

— Hmmm… subir e descer trilhas, cansar as pernas, possivelmente perder-me contigo no meio do mato…

Ele riu.

— Ei, eu conheço o caminho!

Ergui uma sobrancelha.

— Da última vez que disseste isso, ficámos presos num atalho com lama até os joelhos.

— Ok, ok, mas desta vez eu tenho um mapa.

Ri baixinho e, depois de um momento, levantei-me, esticando os braços.

— Tudo bem, vamos, antes que eu mude de ideia.

Ele agarrou na mochila e confirmou se tinha tudo o que precisávamos: garrafa de água, lanches, lanterna… e, por precaução, um pequeno canivete.

Enquanto nos preparávamos para sair, lancei um último olhar para o dispositivo sobre a mesa. A luz vermelha já não estava a piscar.

Por um segundo, perguntei-me se estávamos apenas a ser paranoicos.

Mas algo dentro de mim dizia que aquilo não tinha sido um simples acidente.

Peguei no casaco e segui o Paulo para fora da caravana.

O sol já ia alto quando saímos. O cheiro de terra úmida e folhas secas envolvia o ambiente, e o som de pássaros misturava-se ao farfalhar das árvores ao vento.

— Ok, guia experiente — Disse. — Por onde começamos?

Ele abriu o mapa com confiança, esticando-o como se fosse um explorador profissional.

— Seguimos essa trilha principal por uns vinte minutos, depois apanhamos um atalho que corta a encosta. Fácil.

Olhei para ele, desconfiada.

— “Fácil”? Tu e atalhos nunca dão certo.

— Ei, nem sempre erro!

— Ah, sim? Então e daquela vez que me disseste que um rio parecia raso e acabámos a nadar com as botas nos pés?

Ele riu.

— Erro de cálculo.

Ri, balançando a cabeça.

— Só te estou a dizer que, se me meteres numa cilada de novo, vais ter de me carregar às costas.

Olhou-me de cima a baixo.

— Hmm… Não sei se consigo. Essas pernas longas dobram o peso.

Fingi indignação e dei-lhe um leve empurrão.

— Que ousadia!

Seguimos pela trilha, entre conversas e provocações, aproveitando a caminhada sem pressa. O solo estava macio sob os pés, e a floresta ao redor parecia fechar-se num abraço verde, deixando para trás qualquer preocupação.

Depois de um tempo, chegámos a uma bifurcação.

Ele parou, analisou o mapa com atenção.

— Certo… é aqui que apanhamos o atalho.

Cruzei os braços.

— Tens a certeza?

— Absoluta!

Suspirei.

— Está bem, mas se acabar cheia de lama, juro que me vais ouvir falar disto até ao fim dos nossos tempos.

— Justo.

Entrámos pela trilha mais pequena, que era mais estreita e ladeada por árvores mais altas. O som do vento intensificou-se, e por alguns momentos tudo ficou em silêncio, apenas o barulho das folhas a serem pisadas ecoando ao redor.

Distraída com os meus próprios pensamentos, notei algo e parei de repente.

O que foi? — Perguntou o Paulo, olhando para trás.

Franzi a testa.

— Não sei… achei ter ouvido alguma coisa.

Os dois ficamos imóveis por um instante. Nada além do vento e dos pássaros.

O Paulo deu de ombros.

— Deve ter sido um esquilo.

Hesitei, mas decidi não dar importância.

— Pois… Deve ter sido.

Seguimos em frente, e voltamos a brincar um com o outro.

A caminhada continuou tranquila, mas algo parecia ter mudado no ar. Entre risadas e provocações, os dois começamos a perceber uma energia diferente ao redor.

Ao chegarmos ao ponto alto da trilha, o Paulo parou e inclinou-se para olhar a vista. A floresta estendia-se até onde a vista alcançava, e a luz suave do fim da tarde tingia as folhas de ouro.

— Uau… Olha só isto. — Disse ele.

Aproximei-me, a poucos centímetros dele, e também olhei em direção à vista. Mas o que realmente captou a minha atenção foi o modo como ele estava, a respiração mais profunda, o jeito como a luz da tarde refletia nos seus olhos. Algo mudou; a proximidade, a troca de olhares, deixou a tensão fluir como um fio invisível entre nós.

Respirei fundo, e não consegui evitar o pensamento. O dia estava quase perfeito, a energia entre nós também, e o caminho, agora, parecia mais íntimo, quase privado.

Ele virou-se lentamente para mim, e os nossos olhares encontraram-se com mais intensidade. Não dissemos uma palavra, mas ambos sentimos o mesmo: o desejo estava ali, latente.

— Laura... — Ele murmurou, quase como se testasse o espaço entre nós.

Não respondi de imediato. O meu olhar desceu para os lábios dele, sentindo uma tensão crescente. Então, sem me conseguir conter, dei um passo à frente, encurtando ainda mais a distância.

Com um movimento suave, ele tocou no meu rosto, os seus dedos acariciam a minha pele como se quisesse gravar cada detalhe. Fechei os olhos, sentindo a eletricidade entre nós aumentar.

— Tens ideia de como me deixas louco? — Sussurrou, antes de encostar os lábios nos meus, com uma leveza que rapidamente se transformou em algo mais urgente.

O beijo, intenso, mas não apressado. Cada movimento, cada toque, parecia prolongar o momento, como se estivéssemos a tentar capturar a sensação de estarmos ali, juntos, no meio daquela imensidão silenciosa.

Quando nos separamos, ofegantes, entreolhamo-nos com um sorriso cúmplice. O mundo lá fora ainda existia, mas por um momento, naquele instante, nada mais importava.

Puxou-me para mais perto, e senti o calor do meu corpo contra o dele. Eu, com os olhos a brilhar, desci o olhar novamente, mordendo o lábio inferior.

— Acho que já encontrei a trilha que queríamos seguir… — Disse, com um tom mais baixo, antes de me aproximar para beijá-lo novamente.

Era como estar presa num mundo onde o real e o irreal se misturavam. Ele tem uma presença quase esmagadora, e olhar dele, é como um íman que me atraí sem que eu pudesse resistir.

Quando me ajoelhei diante dele, senti um calor subir pelo meu corpo, a começar pelo rosto e a espalhar-se até aos lugares mais íntimos. As minhas mãos tremiam ao desabotoar lhe a calça, mas a curiosidade e o desejo foram mais fortes que qualquer hesitação. De uma forma súbita, levantei-me a olhar-lhe nos olhos enigmáticos. A pele dele, quente, veio de encontro ao meu rosto e lentamente encostou os lábios nos meus. A forma como ele respirava profundamente enquanto eu o explorava, deixava-me ainda mais ousada.

Ele inclinou-se, passou os dedos firmes no meu cabelo, sem forçar. Apenas guiava os meus movimentos, deixando-me ditar o ritmo. Os gemidos dele eram baixos, roucos, e a cada som parecia alimentar o fogo dentro de mim. Quando finalmente ele gemeu o meu nome (ou seria apenas um sussurro abafado pelo desejo?) Senti um arrepio que percorreu a minha espinha.

Mas ele não parou por aí. Com as mãos firmes ergueu-me, os lábios quentes pressionaram-se contra os meus, e logo senti o seu toque explorar cada parte de mim, até que, lentamente me deitou no meio das folhas secas no chão . Era como se ele quisesse retribuir cada segundo, cada sensação. Desceu as minhas calças, e lentamente tirou-me as cuecas . A sua língua era precisa, e o ritmo quase torturante. Já eu, não sabia onde terminava o prazer e começava o sonho. Ele começou a explorar-me, chupando-me como se beijasse os meus lábios de cima. O tesão tomou conta de mim, e enquanto gemia, acariciava lhe o cabelo comprido.

Quando finalmente puxou-me para mais perto, segurou na minha cintura com força, sussurrou-me:

És tão perfeita... Como se tivesses sido feita para mim.

Ele olhou-me com um misto de desejo e preocupação. E penetrou-me, devagar, quase como se estivesse a testar os meus limites. O olhar encontrou o meu, e perguntou-me com a voz rouca:

— Estás bem?

O prazer crescia a cada movimento, a cada toque. Ele movia-se lentamente, quase com reverência, enquanto os seus lábios encontravam os meus em beijos que pareciam preencher todos os espaços dentro de mim.

Gosto tanto de ti! — Murmurou contra o meu pescoço. — Parece sempre a primeira vez que estamos quando estamos juntos.

Cada investida era um equilíbrio perfeito entre a preocupação e o meu desejo crescente. Ele olhava-me como se eu fosse algo precioso, os seus dedos exploravam a minha pele com cuidado, enquanto o corpo começava a ganhar um ritmo mais intenso.

Tu és incrível... — Dizia ele, entre gemidos ofegantes, enquanto segurava na minha cintura com mais força. — Tão perfeita.

Eu não consegui falar. A minha respiração era profunda, os meus olhos arregalavam-se a cada investida mais firme, e o mundo ao nosso redor parecia não existir mais. Ele beijava-me, o encaixe era tão perfeito que parecia mesmo predestinado. Os meus gemidos cada vez mais altos e roucos, pareciam que a qualquer momento explodiria, a minha respiração estava cada vez mais ofegante, e perdia o controle enquanto arranhava as suas costas pedindo mais, cada vez mais .

Quando finalmente chegámos ao ápice, senti como se o meu corpo tivesse sido levado às nuvens. Ele segurava-me, murmurando ao meu ouvido coisas que mal consegui captar, mas que me faziam sentir adorada, desejada, como se naquele momento eu fosse o centro do universo.

O Paulo, com o mapa ainda nas mãos, levou-me por caminhos pouco explorados, revelando partes da natureza que eu nunca tinha visto antes, como pequenos riachos que serpenteavam entre pedras musgosas e campos escondidos de flores silvestres.

— Este lugar é um paraíso... — disse, parando para admirar uma área onde a luz do sol se filtrava pelas copas das árvores, criando manchas douradas no solo.

O Paulo sorriu, observando-me com carinho.

— Eu sabia que ia gostar. E aqui, é tudo nosso. Só nós dois e a natureza.

Caminhamos mais alguns minutos até chegarmos a uma clareira, onde um lago tranquilo refletia o céu azul. As margens eram cercadas por rochas lisas e grandes árvores, criando um ambiente isolado, perfeito para descansar.

Aqui. Vamos parar, aqui. — Disse ele, a tirar a mochila e a sentar-se confortavelmente.

Segui-o, e sentei-me para esticar as pernas. O som da água a bater suavemente nas pedras era hipnotizante, e o calor da tarde começava a diminuir, dando lugar a uma brisa agradável.

Ele tirou a lancheira da mochila, retirou algumas sandes e frutas, e entregou-me uma.

— Não é o melhor almoço, mas está de acordo com a paisagem, não achas?

Ri.

— Concordo… Nada como um bom piquenique em boa companhia.

Comemos em silêncio por um momento, aproveitando a tranquilidade ao redor. A sensação de estar longe de tudo, apenas ali, no meio da natureza, era reconfortante. A tensão que tínhamos sentido mais cedo na caravana parecia ter evaporado completamente.

Quando terminámos, encostei-me numa pedra grande, e fechei os olhos para aproveitar a paz. A luz dourada da tarde iluminava o meu rosto, e senti-me leve, como se estivesse realmente conectada com tudo ao meu redor.

Ele deitou-se na rocha ao meu lado, esticando os braços atrás da cabeça.

— Sempre adorei este lugar.

Laura virou-se para ele, curiosa.

Ele olhou para o céu, como se estivesse a pensar nas palavras.

— Às vezes, a cidade e tudo o que a envolve pode ser sufocante. Aqui, as coisas são mais simples. Não há pressa, não há expectativas, só… a natureza e o silêncio.

Sorri, e toquei-lhe levemente no braço.

Eu sei o que queres dizer. Eu também sinto que, quando estamos aqui, há algo mágico. Como se o tempo se movesse de outra maneira.

O olhar dele encontrou o meu, e ficamos em silêncio, compartilhando um entendimento silencioso.

A tranquilidade do lago, o vento suave, e o calor da companhia um do outro criaram o cenário perfeito para algo mais.

Sabes… — Disse ele, com um sorriso travesso. — Se não fosse por esta caminhada, teria achado que me estava a perder no mato.

Laura riu, provocando-o.

Não me digas que estás com medo de te perder?

— Um pouco… mas acho que, contigo aqui, até perder-me seria uma aventura interessante.

O meu olhar ficou mais intenso, e aproximei-me dele, deixando que os nossos ombros se tocassem de leve.

Acho que estamos a fazer algo mais do que apenas explorar o mato... — Sussurrei, com um brilho de cumplicidade nos olhos.

Ele olhou-me, mais sério agora, e deu-me um sorriso suave, quase secreto.

Não, acho que já estamos a descobrir algo mais importante.

Com o sol a começar a pôr-se, decidimos voltar para a caravana. A caminhada de regresso foi tranquila, e os dois estávamos em sintonia.

Quando chegámos ao “acampamento”, o ar fresco da noite estava a tomar conta da floresta. Montámos rapidamente uma pequena fogueira, o crepitar das chamas iluminava os nossos rostos enquanto nos sentávamos ao redor, as sombras dançavam nas árvores ao fundo.

Olha como as estrelas estão lindas hoje... — Comentei, a olhar o céu.

Ele seguiu o meu olhar, perdendo-se nas constelações.

Eu nunca me canso de ver isto…

Sorri, e senti a tranquilidade da noite. Não havia pressa, nem preocupações.

Acho que, no fim, é aqui que quero estar. Contigo. —Disse suavemente, sem olhar diretamente para ele, mas senti que as palavras estavam no lugar certo.

Ele aproximou-se, e pegou na mão com carinho.

Eu também, Laura.

E ali, sob as estrelas, ficámos em silêncio, enquanto o calor da fogueira nos envolvia.


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