Sexta | 17 de Abril de 2020




O céu estava limpo e uma brisa suave movia as folhas das árvores ao redor. O som da água a correr dava a sensação de estarmos num lugar mágico, desconectado de qualquer coisa que pudesse trazer preocupação ou stress.

O Paulo acordou primeiro, como sempre. Sentou-se à beira da cama e observou-me a dormir ainda tranquilamente. Eu estava serena, à vontade, com os cabelos espalhados pela almofada e um sorriso discreto no rosto. Ele sorriu consigo mesmo, pensando em como aquele momento era perfeito.

Decidiu preparar o pequeno almoço, como sempre faz, e foi até a pequena cozinha da caravana. Quando acordei, o cheiro do café estava no ar, e sorri ao perceber que ele estava ali, já a tratar de tudo.

Bom dia, meu amor! — Disse, ainda com a voz rouca de sono, mas com um sorriso nos lábios.

Ele virou-se, com uma chávena de café na mão, e olhou com um sorriso caloroso.

Bom dia! Dormiste bem?

Espreguicei-me, sentindo a leveza do momento.

Sim, muito bem. Adoro acordar assim, sem pressa de fazer nada.

Paulo colocou o café na mesa e sentou-se ao meu lado.

Eu também. Já vi que hoje vai ser outro dia incrível. O que achas de irmos fazer uma caminhada mais longa depois do café?

Sorri e aninhei-me nele.

Adoraria! Podemos parar onde quisermos, descansar onde acharmos que é bonito... Sem pressa de voltar, sem planos.

Depois do pequeno almoço simples e reconfortante, onde rimos e conversamos sobre trivialidades, pegamos nas mochilas e seguimos em direção ao rio. O sol começava a aquecer o ar, e seguimos em silêncio, apreciando a paisagem ao redor. O silêncio não era desconfortável; pelo contrário, era uma prova de que estávamos tão em sintonia que podíamos estar juntos sem precisar falar o tempo todo.

Quando chegamos a uma clareira ao lado do rio, paramos para descansar. A água brilhava sob o sol e o vento suave fazia as árvores dançarem. Deitamo-nos na relva e ficamos ali, de olhos fechados, a ouvir os sons da natureza e a batida do coração um do outro.

Estava deitada com a cabeça sobre o peito do Paulo, e ele, com um braço ao meu redor, apenas a observar o céu.

Já percebes-te como é bom não ter de pensar em nada? Só estar aqui. — Disse, olhando para as árvores à minha frente.

Sorriu, com os olhos fixos em mim.

Eu percebo. Realmente não preciso de mais nada além de estar aqui contigo.

Ao longo do dia, a diversão continuou. Depois da caminhada, passamos algum tempo em redor da caravana, a lançar pedras ao rio, a rir das pequenas brincadeiras que fazíamos um ao outro. Desafiei o Paulo a tentar que as pedras saltassem mais alto, e ele, com todo o entusiasmo de um menino, fez uma verdadeira competição, tentando melhorar cada lançamento. Cada pequena competição, por mais simples que fosse, criava gargalhadas e risos sinceros.

Mais tarde, decidimos improvisar um almoço à beira do rio, com o que tínhamos trazido: pão, queijo, e algumas frutas. A comida parecia saborosa apenas porque estávamos ali, naquele ambiente perfeito, com a água a correr de fundo, as árvores ao redor e a brisa suave.

Antes do sol começar a descer, decidimos dar um passeio pelo bosque. Não pensamos em nada, não havia preocupações nem planos. Apenas queríamos estar ali, juntos, a caminhar e a desfrutar da companhia um do outro.

Quando a noite chegou, montamos uma fogueira pequena e sentamo-nos perto, a conversar sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Contamos histórias, rimos de lembranças antigas e aproveitamos para ficar ainda mais próximos, não apenas fisicamente, mas emocionalmente. Era um amor simples, verdadeiro, sem complicação.

Sabes, eu não sei o que teria feito se não te tivesse conhecido. Estes momentos que estamos a viver, com a calma e a leveza de estar aqui… são mais do que eu poderia pedir.

O Paulo olhou para mim, tocou-me na mão com carinho e respondeu, também sorrindo:

Eu também não. Só quero continuar assim, a viver o agora. E cada momento contigo é tudo o que eu preciso.


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