Sábado | 2 de Maio de 2020




Sábado, mais um daqueles dias tranquilos que já começavam a ter um sabor doce.

Eu estava na cozinha, a preparar o pequeno almoço enquanto ouvia o Paulo a tocar guitarra. A música, como sempre, dava um toque especial à manhã. O som das cordas, as notas suaves, preenchiam o ambiente e dava-me uma sensação de bem-estar.

Sorri para si mesma, imaginando como seria se tudo na vida fosse assim: simples, calmo e recheado de momentos compartilhados.

O Paulo entrou na cozinha, ainda com a guitarra a tiracolo, e abraçou-me por trás, fazendo-me rir.

Café para a minha musa? — Perguntou ele, com um sorriso maroto.

Eu ri e respondi, ainda a brincar:

Só se me deres um beijo primeiro!

Ele não precisou de mais incentivo. Virou-me lentamente e, com um sorriso que iluminava o rosto dele, deu-me um beijo longo e suave. A sensação de estar ali, com ele, fazia tudo parecer perfeito. A pressão do mundo, não parecia tão presente, e tudo o que importava era aquele momento.

Depois do beijo, ele afastou-se, pegou na caneca de café e olhou para mim.

Sabes, a quarentena tem coisas chatas, mas não consigo imaginar passar esse tempo com mais ninguém além de ti.

Sorri, agarrei também na minha caneca e sentei-me à mesa.

Eu também não. Não me importo de ficar aqui com tudo o que há para acontecer lá fora. Desde que estejas aqui, com este sorriso e essa guitarra, estou bem.


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