Domingo | 12 de Abril de 2020




O sol mal tinha começado a brilhar sobre as montanhas quando senti o telemóvel vibrar ao lado da minha almofada. Gemi, sem vontade de abrir os olhos, e apalpei até o encontrar.

Quem é que se lembra de ligar a esta hora? — Digo, ainda com a voz arrastada de sono.

O Paulo, de olhos semicerrados, ri baixinho.

Atende, pode ser algo importante.

Quando vi o nome no ecrã, suspirei e atendi.

Joana? Sabes que horas são?

Do outro lado, a minha amiga ri-se.

Bom dia para ti também, dorminhoca! Esqueceste-te que estou noutro fuso horário?

Sentei-me na cama, e puxei a manta para me tapar.

Ok, ok. O que se passa?

A Joana suspirou do outro lado.

Nada de especial… só que estou presa aqui há tanto tempo e precisava de ouvir uma voz familiar. Isto está a dar comigo em doida.

Compreendi imediatamente. A quarentena estava a ser difícil para toda a gente, mas para ela, que ainda estava fora do país e sem saber quando poderia regressar, devia estar a ser ainda pior.

Sabes que podes ligar sempre que quiseres, não sabes?

Sim, mas não queria incomodar. E tu? Como estás? Como está o... “corredor”?

Sorri ao ouvir a provocação na voz dela. Olhei para Paulo, que agora estava sentado na cama, despenteado e seminu, a observar-me com um meio sorriso preguiçoso.

Estamos bem.

Hum, essa pausa antes de responder diz-me que estás melhor do que bem! — Ri-se.

Digamos que eu e o Paulo decidimos fazer um retiro espiritual na natureza.

Ou um retiro espiritual no corpo um do outro.

Joana! — Abafei a gargalhada, e acho até que corei.

O Paulo arqueou uma sobrancelha, curioso.

O que é que ela disse?

Nada que te interesse! — Ao mesmo tempo que lhe atirei com a almofada, fazendo-o rir.

Fico feliz por ti, amiga. Só queria dar-te um olá e lembrar-te que morro de saudades tuas.

Também morro de saudades tuas, minha querida. Mas logo, logo, isto passa, e voltamos a estar juntas.

Espero bem que sim.

Após mais alguns minutos de conversa, despedi-me dela, e pousei o telemóvel.

O Paulo puxou-me para junto dele e murmurou ao meu ouvido:

Então… já que acordámos, podíamos aproveitar a manhã de outra maneira.

Mordi o lábio inferior, e percebi onde ele queria chegar.

Acho que isso é uma excelente ideia.

Eu geralmente demoro um bocado para acordar, fico mais lenta de manhã, mas hoje foi diferente.

Ele tirou os boxers, virou-me de costas e encostou-se a mim. Ficámos de conchinha durante um momento. Encaixado no meio das minhas pernas, pude sentir o quanto já estava duro e quente. Roçava-se em mim devagarinho. Eu, eu já sentia as minhas cuecas húmidas só com o movimento lento que fazíamos. Levantei levemente uma perna, estiquei a mão pela frente até o agarrar e empurrei-o para dentro de mim. Ele entrava e saia devagarinho. Gemi de leve. Repetiu o movimento, mas desta vez um foi um pouco mais fundo. Sentia-o a latejar e a respiração dele no meu ouvido, deixava-me ainda com mais tesão. Estava tão bom. Estávamos abraçados, e as nossas mãos estavam sem funções.

Então ele decide livrar uma das mãos e agarrar-me os seios. Apertou forte e brincou com o meu mamilo enrijecido. A outra mão deslizou devagar até encontrar o meu clitóris.

Sonhei contigo esta noite. — Disse, baixinho.

Foi? E o que estávamos a fazer?

— Sonhei que me fodias exatamente assim! — Disse, a rebolar devagar, cheia de prazer, com ele dentro de mim.

Foi bom?

— Contigo, é sempre bom.

Ele sorriu, e investiu mais fundo. Eu gemi, surpresa. A vontade aumentou e a velocidade também, ao mesmo tempo que ele me masturbava e acariciava os meus peitos. Quanto mais ele me possuía, mais eu me entregava, pressionando o corpo contra o dele e tornando tudo mais intenso.

Laura, se continuas assim, vou perder o controlo muito antes do que queria. — Disse-me ao ouvido na tentativa de o deixar de provocar.

Ri-me no meio dos meus gemidos. Peguei-lhe na mão que me segurava o peito, e escolhi dois dedos, que levei à boca para chupar. Passei a língua bem na ponta.

Laura! Tu…

— Paulo? — Disse, aproveitando para empinar mais o rabo, facilitando assim a penetração.

Ele tirou as mãos de onde as tinha e colocou uma na minha cintura e a outra na minha barriga, apertou com força, para eu não me mexer. Penetrou-me mais uma vez, bem fundo e ficou ali. Mordeu-me o pescoço e deixou o orgasmo vir. Gemeu, com a minha carne ainda entre os dentes. Cada pulsada que ele dava dentro de mim, eu gemia e rebolava de leve. Virei-me para ele, e beijámo-nos, enquanto lhe arranhava de leve as costas, apreciando a pele macia. Acariciei cada centímetro do seu corpo.

O nosso beijo estava a deixá-lo novamente excitado. Estava preparado para continuar.

Vamos tomar banho, juntos? – Perguntei, tocando-o suavemente.

Corremos para debaixo do chuveiro, e liguei a água bem quentinha. A nossa pele ardia com o calor, mas não nos importámos. Puxei-o, e comecei a beija-lo. Amo sentir a nossa pele encostada, com a água a escorrer pelos nossos corpos. Ele tinha uma das mãos nas minhas costas, puxando-me para mais perto, enquanto com a outra acariciava suavemente o meu peito. As minhas mãos exploravam o seu corpo com os dedos, deslizando pela sua cintura. Não demorou muito para o corpo dele responder, ficando totalmente desejoso. Não paramos o beijo em nenhum momento. Ergui uma perna e cruzei atrás das dele, facilitando a sua entrada. Fui-me mexendo, deixando o meu corpo ondular. Senti-o a passar em cada dobrinha minha.

Apoiei os braços nos ombros dele, cruzei os dedos atrás da cabeça, e dei um pulo, cruzando as pernas na sua cintura.

Ele assustado, rapidamente me segurou com as duas mãos e firmou os pês no chão.

Estás louca? – Perguntou-me, com o coração a bater forte, quando o pé quase escorregou no chão molhado.

Estou, agora não percas tempo e faz o que tens de fazer.

Antes que ele pudesse falar novamente, beijei-o ferozmente. Ele com as duas mãos a segurar-me, tinha praticamente o controlo total. Desceu-me um pouco, aproximou-me lentamente e entrou devagarzinho, até ao fim. Gemi. Perdi o controlo do beijo. Cravei-lhe as unhas na nuca e no pescoço. Senti os braços dele a enfraquecer, enquanto me erguia e descia. Era uma mistura de prazer forte, com as dores de estar totalmente tenso com medo de escorregar.

— Amor, estou quase lá. Vamos juntos? – Balbuciei, ofegante, com o corpo a pedir mais.

O sexo estava tão bom, que um orgasmo naquele momento podia fazer com que as pernas dele cedessem.

– Melhor não, chega tu primeiro – Disse, preocupado.

Afastei o meu rosto dele, com uma expressão de dúvida e prazer ao mesmo tempo. Quando entendi o porquê, ele riu-se maliciosamente.

— Quero sentir o teu prazer a fluir dentro de mim. — Disse a gemer bem alto.

— Laura, pára! — Tentou pedir-me, pois eu sabia todos os pontos fracos dele.

— Sabes do que é que eu gosto?

— Não quero saber…

— Amo sentir o teu corpo a pulsar dentro de mim, enquanto me entrego ao prazer.

Neste momento, ele tinha perdido a guerra. Sorriu-me, e eu gemi cada vez mais enquanto ele me fazia subir e descer. Ficamos mais de 10 segundos a encarar-nos. Aproximei-me do ouvido dele e disse baixinho:

Amo-te!

As minhas pernas apertaram-no forte. Mordi-lhe a orelha e tremi suavemente com as ondas de prazer do meu orgasmo. Ele estava quase e faltou um empurrãozinho, afastou o meu corpo e puxou-me com tanta força que batemos um contra o outro. Puxei-lhe os cabelos e gemi. Ele voltou a repetir. A terceira vez foi a ultima, e ele explodiu mesmo antes do meu orgasmo acabar. Como previsto as pernas dele tremeram de prazer. Rapidamente me largou para se apoiar e eu agarrei-o forte para não cair.

O nosso orgasmo foi mais comprido. Soltei-me dele e sentei-me no chão, ainda ofegante. Ele sentou-se ao meu lado com os braços a pulsar da musculação que acabará de fazer.

Rimo-nos.

Depois da manhã preguiçosa na caravana, decidimos explorar os arredores. O céu estava limpo, o ar fresco da montanha revigorava-nos, e o som da natureza era o único ruído ao redor.

Isto parece irreal. — Disse, enquanto caminhávamos por um trilho ladeado de árvores imponentes.

Ele apertou a minha mão.

É exatamente disto que estávamos a precisar. Uma pausa do mundo.

Subimos por um caminho rochoso até avistarmos uma cascata oculta no meio da vegetação. A água cristalina caía para uma pequena lagoa de um azul profundo.

Uau… — Disse, fascinada.

Ele sorriu ao ver-me tão encantada.

Acho que encontramos o nosso paraíso privado.

Descalcei-me rapidamente e testei a água com os pés.

Está gelada!

Isso não vai impedir-te de entrar, pois não?

Estreitei os olhos.

Estás a desafiar-me?

Sem esperar resposta, despi-me até ficar apenas em roupa interior e mergulhei na água gelada, soltei um grito misto de choque e adrenalina.

O Paulo ri-se antes de me seguir, mergulhando completamente. Quando emergiu, passou as mãos pelo cabelo molhado e olhou para mim, que sorria de olhos fechados, aproveitando o momento.

Sabes o que é engraçado? — Disse eu — Nunca pensei que este tempo longe do mundo me fizesse sentir tão… viva.

O Paulo aproximou-se e segurou-me o rosto entre as mãos.

Então vamos fazer isto durar o máximo possível.

O beijo foi intenso, apaixonado, e a água fria rapidamente pareceu aquecer ao nosso redor.

Ficamos ali, no meio da lagoa escondida, a aproveitar a paz que tanto procurávamos.


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