Domingo | 2 de Fevereiro de 2020




Num piscar de olhos, uma semana se passou. Estive concentrada no trabalho. Pouco me cruzei com o Paulo no estúdio, e sempre que chegava, ele saia, tinha sempre coisas para fazer. Senti que me estava a dar o tempo que precisava, mas na realidade estava com saudades da atenção dele.

Com o Fred troquei umas mensagens, mas nada de mais. Não o notei stressado com a situação e também não forcei. Na realidade precisava estar assim, sem compromissos com rapazes. Só eu e o trabalho.

O trabalho, consegui despachar tanta coisa que até já tinha serviço adiantado. Jantei algumas vezes no restaurante da Raquel, outras até fui buscar e acabei por comer em casa.

Hoje foi o dia do "babyshower" do meu futuro sobrinho ou sobrinha, vamos todos descobrir hoje.

Decidi levar um vestido fluido, uma malha branca com o casaco de ganga e os meus vans pretos. Afinal de contas não ia para uma gala, não havia necessidade de ir toda aperaltada. Maquiagem também muito simples. Senti-me bonita, e foi o suficiente.

Passei em casa do Paulo para o apanhar. Sempre lindo. Nada fica mal a este rapaz. De cabelo apanhado, com as suas calças de ganga e uma t-shirt branca simples. Todo ele simples tal como eu gosto.

Entrou no carro, deu-me um beijo.

— Preparado? — Perguntei com um sorriso de orelha a orelha, estava super empolgada com esta festa e por levar alguém comigo sem ser a Joana.

— Preparado! A questão é, e tu, estás preparada? — Perguntou nervoso.

— Muito! — Foi só o que consegui responder.

— Vai estar muita gente?

— Família e alguns amigos mais chegados do meu irmão e da minha cunhada.

— Em grande! Vamos lá então!

Era a primeira vez que ia apresentar alguém aos meus pais e ao meu irmão. Claro que estava nervosa, mas mesmo que isto não desse certo... ele é meu amigo antes de tudo. Na realidade nem tínhamos nada em concreto. Dormimos juntos uma vez, beijámo-nos mais umas quantas. Mas nunca falamos, nem aprofundamos sobre!!

Estacionei o carro. No elevador ele agarrou-me a cara entre as mãos, olhou-me sério e disse:

— Gosto muito de ti! — Nisto deu-me um beijo prolongado. Eu agarrei-o pela cintura.

— Obrigada por seres assim, tão carinhoso.

O meu irmão abriu a porta. Apresentei-os e rapidamente senti o Paulo menos nervoso. Até que chegamos a altura de lhe apresentar os meus pais.

— Pai, mãe, este é o Paulo. Um amigo, que me veio fazer companhia.

Ele olhou para mim, triste.

— Muito gosto - disse oferecendo a mão para cumprimenta-los.

— Olá Paulo, como está? — Perguntou o meu pai — O gosto é todo nosso! Amigos da minha filha, meus amigos são! É de onde Paulo?

— Pai, não comeces com o interrogatório, por favor!

— Não tem mal — Respondeu o Paulo — Sou de Lisboa, nasci cá, moro na linha.

— E faz o quê, sem indiscrição?

— Pai, por favor!! — Disse eu envergonhada.

— Sou ‘Designer’, canto e tenho um restaurante vegetariano perto da casa da Laura, onde sou sócio com a minha irmã.

— Muito bem. Então divirta-se, não o vou massar mais.

— Ora essa, teremos oportunidade certamente para trocar mais ideias.

— Claramente.

Afasto-o dos meus pais e fomos até a varanda, mas não antes de servir dois copos de vinho. Sentei-me numa das cadeiras altas que ali estavam.

— Amigos?

— Desculpa, fiquei sem jeito. Nunca apresentei ninguém aos meus pais. Não soube fazê-lo. Desculpa.

— hum... estás desculpada, mas se soubesses o que este teu amigo te faria agora.

— Vais dizer-me? — Perguntei com tom de provocação.

Ele aproxima-se de mim. Uma das mãos pousa no meu joelho e devagar começa a subir até estar completamente na minha virilha. Com a boca junto ao meu ouvido, ele sussurra:

— Mais que te dizer, gostava de te mostrar!

Desviou o tecido da minha cueca, e entrou em mim. Olhei em volta para ver se alguém estava a olhar, mas não consegui dizer mais nada e assim ficamos os dois a olhar um para o outro. Foram segundos, e como começou rápido, rápido acabou. Ele tirou o dedo de mim, afastou-se e levou-o à boca. Tentei disfarçar, mas estava tão molhada, que já só pensava o que ia fazer para acabar com aquela tensão entre nós.

— És louco?!

— Estou louco, sim!!

Rimos à gargalhada. Tentei perceber novamente se tínhamos sido observados, e pareceu-me que estava tudo mais interessado no "sexo" do bebé que propriamente no meu.

Os convidados estavam agora a juntar-se para abrirem os presentes e finalmente descobrirem se iria ser menino ou menina. Nisto pego na mão do Paulo e levei-o dali.

— Onde vamos?

— Já vês.

Levei-o até à casa de banho, e assim que fecho a porta e o olho, ele veio na minha direção e encostou-me à porta, pegou-me ao colo e beijou-me desesperado.

— Tens a certeza disto? — Perguntou-me

— Absoluta, tu não?

— Absoluta. Quero que sejas minha, mas estamos em casa do teu irmão.

Tirei-lhe as calças, enquanto nos beijávamos. Nem a t-shirt lhe tirei, apenas esticava os braços por baixo e descia as minhas unhas pelas suas costas. Precisava senti-lo. Enquanto o abocanhava devagarinho a olhar-lhe e ele me agarrava o cabelo. Como adoro provocá-lo, passava a língua por toda a extensão, bem devagar... eu sabia o que ele queria, mas não lhe ia dar assim tão facilmente.

Chupei-lhe a cabeça com toda a dedicação, passei a língua e apertei os lábios, fazendo-o lembrar que muito em breve ia estar noutro lugar molhado e apertado.

Conseguia senti-lo desesperado. Tirei a boca e esperei uns segundos enquanto o olhava nos olhos. Queria ver-lhe a expressão! Respirei fundo e engoli-o novamente. Ele puxou-me os cabelos e nisto pergunto:

— Não estás a gostar?

— Estou a adorar!

Mas levantou-me e virou-me de costas, desapertou-me o vestido, baixou a parte de cima e agarrou-me os seios com força. Passou a língua no meu pescoço e fez-me gemer baixinho...

Levantou-me o vestido e rasgou-me as cuecas. Arqueei o meu corpo para a frente e apertei as pernas. Estava completamente molhada. Ali fiquei, empinada, à espera dele.

— Vais pedir?

— Vais fazer-me pedir?

— Pede!

— Vais me comer ou n...

Ainda não tinha terminado a frase e ele já estava dentro de mim. Não aguentei e gemi alto. Ele imediatamente tapou-me a boca e continuou, cada vez mais forte e fundo. De certeza que se ouvia lá fora o bater dos nossos corpos. Com toda aquela vontade não demoramos a gozar.

Foi tão intenso que ficamos inertes durante alguns segundos a recuperar.

Lá nos arranjamos, demos um abraço e voltámos à festa. Mais uma vez tentei perceber se alguém nos observava enquanto voltávamos à sala. Tudo parecia normal. Só a minha cabeça é que não parava, só de pensar quando estaria assim com ele novamente.

Durante a semana, encontrámo-nos diversas vezes e ele poderia ter aproveitado que estávamos em casa sozinhos, para tentar algo, mas parecia estar sempre a fugir. Irei questioná-lo noutro dia. Hoje só queria aproveitar a companhia dele.

Vai ser uma menina, vou ser tia de uma menina.

A descer no elevador a caminho do carro, não largámos a mão um do outro.

— Vais comigo ao concerto?

— Claro que sim! Não o perderia por nada neste mundo!

— Vai ser onde nos vimos pela segunda vez, ainda te lembras do caminho!

— De olhos fechados! — Disse a rir.

— Sim, mas não convém ires de olhos fechados, quero lá chegar ainda esta noite!

— Estúpido... levas tu o carro?

— Claro que sim!

— Se calhar devíamos passar por casa primeiro, afinal de contas rasgaste-me as cuecas!!

— Estás bem assim...

E rimos ás gargalhadas!

Quando chegamos ao restaurante, ele não me largou a mão e senti alguns olhares. "Laura?" Ouvi ao longe... tentei direcionar-me para onde vinha o som "Laaaura" assim que consegui focar-me, percebo que era a Raquel que me chamava, a irmã do Paulo.

— Ah, finalmente chegaram — Disse a abraçar-me.

— Olá Raquel, não sabia que ias cá estar!

— Sim, ele não te contou?

— O quê? — Enquanto olhávamos um para o outro.

— É o meu jantar de noivado!!

— Ah, desculpa, ele não me contou nada! — Disse sem jeito e a trocar olhares com ele — Parabéns e onde está o noivo?

— É uma noiva! Na realidade, são duas noivas! — Disse atrapalhado, pois sabia que se tinha esquecido de mencionar, este pequeno pormenor. — Tenho de ir, depois falamos!

— Ah, desculpa mais uma vez... — Disse ainda mais envergonhada, dando-lhe um abraço apertado — E a outra noiva quando posso conhecer?

— Claro que sim, agora mesmo.

Ela fez sinal a uma rapariga tão linda que mais parecia tirada de uma revista.

— Esta é a Simone, a minha futura mulher! Simone, esta é a Laura, a namorada do meu irmão.

Abracei-a e dei-lhe os parabéns pelo noivado.

— Namorada? Namorada do Paulo?! — Questionou, séria.

Não consegui perceber a reação, e incomodou-me, nem porquê, de vir desta pessoa.

Tentei esquivar-me dali o mais rápido possível e durante o resto da noite andei paranoica. O Paulo cantou e encantou como sempre. Era realmente maravilhoso, e quando cantava os seus originais, era tão especial que ninguém ficava indiferente.

No final do concerto, enquanto acabava o meu gin e procurava o paradeiro do meu "namorado". Vejo-o a conversar com a Simone num dos cantos do restaurante. Quis fingir que não me parecia anormal toda a situação. A reação dela e agora esta aproximação dos dois num canto!

Continuei na minha mesa, com o meu Gin.

— Vamos? — Senti ao ouvido.

— Ui! — Disse, virando-me para trás. — Ah, sim, vamos, por mim, se já acabas-te!

Despedimo-nos de todos e fomos em direção ao carro!

— Deixas-me em casa? —-Perguntei.

— Não ficas comigo hoje?

— Hum, estou cansada, acho que vou para minha casa!

— Está tudo bem?

— Tirando o facto de me trazeres a um concerto teu, que simplesmente é a festa de noivado da tua irmã, e que talvez te tenhas esquecido de me avisar. Ah, e talvez te tenhas esquecido também de me dizer que a tua irmã é “gay”! — Senti que estava a ser um bocado bruta e então tentei abrandar — Desculpa, não estou zangada, diverti-me imenso, mas senti-me envergonhada por não saber os pormenores, que, a meu ver, são extremamente importantes.

— Desculpa... nem sei o que te dizer!! Não o fiz de propósito, apenas me esqueci!

— Tudo bem, ainda assim, não leves a mal, vou para casa!

Parámos à minha porta. Demos um beijo e antes de sair voltou a perguntar:

— Não queres mesmo ficar comigo?

— Não! Fica para outro dia, pode ser?

— Claro que sim, só não quero que saias daqui chateada comigo!

— Não estou! Estou triste, não chateada. Estou cansada, vou tomar um duche e dormir. Vemo-nos amanhã?

Beijámo-nos e abraçámo-nos e sentimos a respiração um do outro.

Até amanhã. — E arrancou.

Ao chegar a casa, percebo de imediato que não estou sozinha!

— Quem é que está aí? Já chamei a polícia... quem quer que seja, é melhor fugir já! — Gritei.

— Laura?

— Joana?


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