Já no caminho de volta cruzei-me com um rapaz que me deu um sorriso enorme, um grande "BOM DIA" e continuou na corrida dele, contribui e segui também a minha caminhada. Foi o suficiente para o cérebro entrar em ação novamente… será que me conhece? Será que conheço? E se me conhece e eu também e eu não lhe falei, vai achar-me rude na próxima vez que me encontrar. Será que já me viu em algum lugar? Se calhar temos amigos em comum e eu não sei. Pode já ter visto alguma foto minha por aí! Se calhar até já nos cruzamos por aqui!
Uns quilómetros mais à frente voltamos a cruzar-nos e mais uma vez sorriu, mas desta vez parou, fez sinal para retirar os auscultadores e perguntou:
— Consegues dizer-me as horas? — Fiquei logo desconfiada, olhei para o pulso dele e vi que tem um smartwatch — Fiquei sem bateria a meio caminho! Não sei onde ando com a cabeça! — Disse a rir.
— Realmente que azar, bem, são 19h23!
— Muito obrigada e desculpa ter-te feito parar!
— Não faz mal, não tem problema nenhum.
— Ah, espera, outra coisa, sabias que és muito bonita?! — E começou a correr novamente.
— Obrigada! Tu também! — Gritei, corada e segui também a minha vida.
Na paragem para alongar, a minha cabeça não pára, o que faz uma pessoa parar a outra só para dizer algo assim… será que esta pessoa tem a noção que isto é o suficiente para o dia da outra correr melhor. Qual seria a finalidade do comentário? Terá segundas intenções? Se o intuito fosse a troca de contatos, porque não esperou para desenvolver a conversa? Teria receio da rejeição? Enfim, mais uma vez o meu cérebro a fazer das suas. Eu avisei que a minha cabeça não pára.
Assim que entro em casa, tenho a Joana em lágrimas.
— Joana? O que aconteceu?
— Fui despedida!
— O quê? Como? Porque? Calma, respira fundo e conta-me tudo.
— Opah, dizem que o departamento de marketing está demasiado cheio e que não precisam de tanta gente e como fui a mais recente decidiram dispensar-me a mim… achas isto normal… tantos trabalhos que desenvolvi ali e ao final de quase 4 anos deixam-me ir assim! O que é que eu vou fazer agora, Laura?!
— Bem, podes sempre ficar freelancer como eu… mas aviso-te que não é fácil. Quer dizer tu sabes, viste o quanto eu penei até conseguir clientes um pouco mais regulares para pelo menos me garantir um ordenado todos os meses, depois o que vier a mais é bónus, mas tens de procurar, tens de te mexer, tens de te erguer e não deixares esses bandidos levarem a melhor!
— Tens razão, há sempre solução, só não me posso encostar, senão perco o embalo. — Disse a limpar as lágrimas.
— Vá, vai lavar a cara e vai pôr-te bonita que hoje eu pago o jantar!
— Estás a falar a sério?
— Claro, recebi dinheiro de uns trabalhos e hoje apetece-me sair, jantar fora. Estou bem-disposta, aproveita. Depois podemos ir até a uma esplanada ouvir um pouco de música ao vivo, tenho tantas saudades de sair para dançar. Vá, vai lá, vou também tomar um duche que vim agora da caminhada e está tanto calor que acho que derreti alguma da minha gordura.
— Adoro-te Laura, ainda bem que te tenho na minha vida! — Abraçámo-nos durante uns segundos e fomos cada uma para o seu lado.
Decidimos ir a um restaurante vegetariano em Lisboa, quer dizer, sou eu a pagar ao menos que fosse por algo que me fosse deliciar. O restaurante tem um pátio no interior lindo de morrer, o ambiente estava tão bom e a comida divinal como sempre. Fomos ficando e pedindo mais vinho. A rapariga que nos servia, convidou-nos a ficar para o concerto privado que ia haver dali a uns instantes… algo pequeno e privado. Até que, como observadora que sou, no meio daquela malta que se começava a juntar, vejo o “corredor”, sim, aquele que me elevou o ego algumas horas antes. Estava diferente, mais bonito. Cruzamos olhares e sorrimos…
Puxei conversa com a Joana, e mais uma garrafa de vinho para acompanhar o concerto!
— Então já decidiste o que vais fazer?
— Tenho umas ideias, mas ainda nada decidido!
— Não te deixes ir abaixo, e não pares com os teus objetivos, é só isso que te digo! Se paras, é uma treta e depois vais-te acomodando.
— Acho que para já vou tirar as férias que tanto preciso e nunca tirei e aí vou ter tempo de pensar na minha vida.
— Pois então fazes muito bem, mereces, claro que sim!
Entretanto a rapariga traz a garrafa de vinho e diz:
— Esta está paga ok, fiquem a vontade e divirtam-se!
— Muito obrigada, já que vamos aproveitar o seu convite para o concerto, não há necessidade de uma garrafa de vinho, vocês assim entram em prejuízo.
— Não, não… não foi o restaurante, foi aquele senhor ali! — Apontou para o “corredor”.
— Ah OK — Claro que corei, e não fui capaz de fazer nem dizer mais nada.
— Conheces? — Perguntou a Joana.
— Não! Mas parece-me um rapaz com quem me cruzei á pouco quando fui fazer a minha caminhada, ele também estava a correr e perguntou-me as horas porque tinha ficado sem bateria no relógio.
— Pois, sei! – Disse com desdém.
— Estou a falar a sério Joana, por quem me tomas! Aliás, estou com o Fred!!
— Eu não disse nada! Não precisas de te desculpar, nem ficar tão nervosa!
— Não me estou a desculpar, apenas respondi à tua pergunta.
— Ok, e como é que se chama?
— Não faço ideia, não nos apresentamos… mudando de assunto, como estás com o Carlos? Já conseguiram falar sobre alguma coisa.
— Está tudo bem, ele foi voar esta semana então não está por cá, só volta na próxima segunda. Ainda não lhe disse sobre os novos acontecimentos, acho que só lhe vou contar quando ele já estiver por cá.
— Boa, porreiro — Disse, e a não conseguir tirar os olhos do “corredor”. — Vou à casa de banho antes que o concerto comece, venho já. — A Joana fez-me sinal com o copo em afirmação!
Enquanto esperava na fila para o WC, vejo o "corredor" passar, deu mais um sorriso, puxou a minha mão e disse-me que precisávamos falar. Segui-o de arrasto, de mão dada atrás dele, entrámos numa porta que dizia: “staff only”. Ele fechou a porta e eu parei ali mesmo. Era um camarim, onde os artistas se arranjavam e tinham todo o seu material. Desta vez consegui tirar-lhe a pinta com o seu cabelo comprido e queimado da praia, apanhado com um elástico no topo da cabeça. Jeans azuis claras rasgadas e t-shirt branca a contrastar com o moreno da pele. Sentou-se numa caixa de madeira e começou a afinar uma viola que ali estava.
— Tocas? — Perguntei.
— Sim, o concerto é meu, pensei que soubesses!
— Não, vim jantar com uma amiga e a rapariga que nos serviu é que nos convidou a ficar. — Cheguei-me mais perto e estendi-lhe a mão, num cumprimento chato e formal, mas que julguei ser o mais adequado — Laura.
— Paulo, muito gosto, oficialmente apresentados.
— Verdade, obrigada pela garrafa de vinho. Serias a última pessoa que pensava que iria encontrar aqui.
— Não precisas agradecer.
— Talvez depois do concerto nos possas fazer companhia e tomar um copo, da tua garrafa de vinho!
— Teria todo o gosto. Mas acho que conseguimos melhor que isto! — Levantou-se, e ficámos frente a frente, senti a mão dele na minha cintura, ele humedeceu os lábios e disse — Falamos melhor depois, agora tenho de ir, estou prestes a começar.
— Ok — Engoli em seco e acenei afirmativamente com a cabeça, senti-me nervosa pois pensei mesmo que me ia beijar — Falamos depois, boa sorte.
Juntei-me novamente à Joana que reclamou logo a minha demora. Não lhe contei nada do que tinha acabado de acontecer, tínhamos tempo de falar sobre o assunto até porque sabia que ela não se ia calar e eu queria curtir o concerto.
As pessoas começaram a sentar-se nos lugares ainda vagos e a juntarem-se mais perto do local onde o “corredor” ia tocar. Finalmente ele apareceu com a sua viola e começou. Trocamos olhares várias vezes e dancei muito ao som da sua música fantástica.
Já era tarde, quando o Paulo finalmente chegou à nossa mesa e perguntou se se podia sentar, respondemos claramente que sim e a Joana agradeceu também a garrafa de vinho. Olhei para ele, e achei-o ainda mais bonito depois de conhecer este lado de artista, surfista, Peace and love, além do seu lado “corredor”.
— O concerto foi fantástico, parabéns, gostei imenso. — Disse a Joana.
— Obrigado, e obrigado por terem ficado. Foi apenas algo pequeno para entreter alguns amigos. E tu? — Pergunta-me. — Gostas-te?
— Sim, também gostei muito, parabéns. — Disse envergonhada.
— Bem está tarde, vamos Laura? — Disse a Joana a levantar-se e colocar a mala ao ombro.
Sinto o olhar dele, quase a suplicar para ficar, olhei para a Joana que depois do dia que teve não a queria deixar sozinha…
— Sim Joana vamos, está tarde, e amanhã tenho uma reunião cedo — Disse a olhar o relógio.
— Posso ficar com o teu número? — Perguntou o “corredor”, estendendo o telemóvel dele para eu digitar.
— Sim claro. Depois combinamos algo com mais tempo. Mais uma vez obrigada.
Ele levantou-se para se despedir e ficamos novamente frente a frente, dêmos um abraço demorado.
Já no carro, a caminho de casa, começa o interrogatório da Joana, claro.
— Laura, o que foi aquilo? Até eu senti a tensão, ou tesão ou lá o que foi aquilo!
— Estás a falar de quê? Tem juízo, estou com o Fred, poupa os teus comentários Joana. — Eu queria acreditar mesmo nas palavras que estava a dizer, mas realmente também senti… o que foi que senti? Não faço ideia, mas senti algo!
Estava a preparar-me para me deitar quando recebi uma mensagem:
“Uma pena não teres ficado. Bj Paulo”
“Sim, foi pena… haverá de certeza outras oportunidades, mas não podia deixar a Joana sozinha” — Respondi.
“Já conheces o 12º andar do teu prédio?”
Não percebi a mensagem, e como sabia ele que o meu prédio tinha 12 andares!
“Como é que sabes que o meu prédio tem 12 andares?”
“Estou à tua porta… Queres descer?”
“Estás a seguir-me?” — Perguntei preocupada, não o conheço assim tão bem para aceitar que um estranho me siga até casa.
“Laura, apenas acho que devíamos acabar a nossa noite de outra forma. Não me conformo com o desfecho. E não, não te estou a seguir!”
“Vou abrir, encontramo-nos lá”
Estava realmente preocupada, e queria tirar a limpo, como raio descobriu ele onde eu moro!
Tirei o pijama, e vesti algo mais composto.
Puxei o elevador e quando as portas abriram, lá estava ele, o “corredor” com um sorriso de orelha a orelha. Entrei no elevador e ele segurou-me a mão. Subimos então até ao topo do prédio. Abriu a porta e segurou-a para eu conseguir passar. Era uma área de lazer, só que abandonada, ninguém usava aquela zona a não ser quando havia reuniões de condomínio. Nunca tinha subido lá acima. Sentamo-nos no muro e conversamos durante o resto da noite sobre tanta coisa que nem demos pelas horas passarem. A vista era linda, a nossa cidade era realmente linda.
— Acho melhor voltarmos, está quase a nascer o sol e estou a ficar com frio — Disse a levantar-me, mas rapidamente sinto as mãos dele a puxarem as minhas.
— Gostei mesmo muito de te conhecer. Esta foi a melhor parte do meu dia.
Agarrei-lhe a cara e beijei-o carinhosamente. Este homem estranho, simples e engraçado fez também o meu dia. Ele abraçou-me e continuou o beijo. Entreguei-me totalmente ao carinho que me deu e deitamo-nos ali mesmo no chão do terraço. Ele beijou-me e acariciou-me as coxas. Desci o vestido e ajudei-o a tirar a T-shirt. A pele dele tinha um cheiro suave. Ele desceu devagar até aos meus seios e olhou-me a pedir permissão para continuar, eu apenas sorri e mordi os lábios. Ele sugou-me os mamilos e apertou os meus seios contra a cara. Eu estava extasiada! Fiquei por cima dele, ainda colocando os meus mamilos na boca. Senti-o pronto para me receber e então rebolei por cima da calça.
— Laura… — As mãos dele apertavam o meu rabo por baixo do vestido e ritmava o meu vai e vem. Comigo sentada no colo e de frente para ele, afastei a minha cueca… abri-lhe a calça e voltei a sentar-me. Senti toda a tensão esvaindo-se a cada investida. Para cima e para baixo, para cima e para baixo. Beijamo-nos como um casal apaixonado. Gozei ainda com ele em mim, que me fodia devagar. Ele levantou-me e debruçou-me sobre o muro. Empinei o rabo e ele não perdeu mais tempo, voltou a investir, só que desta vez com mais força e rapidez. Eu gemi sem parar. As minhas pernas já estavam a começar a enfraquecer, ele segurou-me pela cintura e deu três investidas fortes para gozar e soltar um sorriso. Sentei-me no muro de frente para ele. Beijamo-nos e rimo-nos à gargalhada. Não havia necessidade de dizer mais nada. Agarrámos nas nossas coisas e descemos em silêncio. Parámos no meu andar, onde demos mais um beijo.
— Obrigado — Disse ele com aquele sorriso que me derrete.
As portas do elevador fecharam-se e eu fiquei ali a pensar no que tinha acabado de acontecer.
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