Quando estamos juntos, parece sempre a nossa primeira vez. A sensação das borboletas na barriga, as pernas a tremerem por cada vez que me toca. A nossa "cena" é o flirt e apanharmo-nos desprevenidos. Deixarmos as coisas rolarem quando tem de rolar.
Hoje ligou-me, estava eu na pausa para o almoço. Estava a aquecer os restos que tinham sobrado do jantar de ontem. Convidou-me para almoçar. Claro que aceitei, voltei a guardar a comida, que ainda nem tinha colocado no micro-ondas e arranjei-me.
Levou-me a um restaurante aqui mesmo perto da praia. Foi um almoço leve, também não me sentia arranjada para mais. E isso também é uma das coisas de que gosto nele, a simplicidade nestas coisas simples.
Para variar o dia está chuvoso, mesmo como gosto. Não está frio, e ir à praia com o tempo assim e sentir o cheiro da areia molhada é uma das minhas coisas favoritas.
Depois do almoço demos uma caminhada na praia. No ar, o cheiro a algas e limos, a rocha húmida deixa-me calma e pensativa. Parei a olhar o horizonte, ele encostou-se a mim por trás e abraçou-me.
— Gosto tanto disto, deste cheiro, deste sossego, só o mar a fazer ruído.
— Por isso te trouxe aqui, sei que gostas e tenho sentido que era disto que estavas a precisar.
— Obrigado, és um querido. Quem diria que este homem, com este ar mauzão, seria a pessoa mais querida e humana que iria conhecer nos últimos tempos. — Fiz-lhe um carinho na cara e afaguei-lhe os cabelos.
Ao fundo o bugio desaparecia com o nevoeiro que se fazia aparecer, num abrir e fechar de olhos.
— Vamos entrar? — Disse-me ao ouvido.
Eu de vestido preto, acima do joelho, com um decote demasiado vistoso para o que estou habituada a usar, mas como sei que ele gosta, fiz um esforço e Vans azuis old school.
— Ufa, está mesmo a aquecer o tempo! Estou cheia de calor!
— Até podia ser o dia mais frio em todo o mundo, que ao teu lado eu tenho sempre calor. — Disse acariciando-me a perna.
— Oh lá estás tu com as tuas coisas, és mesmo cromo. — Rimo-nos à gargalhada.
— Não tenho a culpa de me sentir sempre assim quando estou ao teu lado. — Pegou-me na mão e colocou-a no colo por cima das calças. Senti-o. Sem lhe ter feito nada.
Dei-lhe um beijo, enquanto o acariciava ao de leve e disse-lhe ao ouvido.
— Aguentas até logo, tenho planos para nós em minha casa. Alinhas?
— Porque logo? Eu desejo-te agora, Laura? Quero-te agora? — Puxou-me. Sentou-me nele. Respirei fundo e voltei a dizer-lhe.
— Também te quero agora e aqui seria memorável, mas acho que se esperares, logo vais agradecer-me. — Dei-lhe uma mordidela na orelha e uns pequenos chupões para o provocar ainda mais e então implorou-me que parasse. Agarrou-me ainda com mais força e apertou-me as nádegas na sua direção. Beijamo-nos e acariciamo-nos por mais alguns segundos. Puxei-lhe uma das mãos, e chupei um dos dedos com tanta vontade que ele revirou os olhos e pediu mais uma vez que parasse.
— Então vamos, que tenho coisas para fazer em casa e a minha hora de almoço está a acabar. — Disse a sair-lhe do colo e a colocar o cinto.
Tive a companhia da Joana da parte da tarde. Despachei o que tinha a despachar e abrimos uma garrafa de vinho. Ela contou-me como estavam as coisas entre ela e o Luís, o namorado. O Luís é comissário de bordo numa grande companhia aérea. É um rapaz simpático, bonito e bastante confortável financeiramente. Estavam juntos há 2 anos e davam-se muito bem. Nestes últimos tempos passavam muito tempo em casa dele. Quando estávamos finalmente juntas, colocamos sempre a conversa em dia. Contou-me que ontem tinham discutido e que hoje ficaria por casa, até que as coisas arrefecessem entre eles. O tema da discussão?! Ciúmes, claro! Falei também da minha relação com o Fred, que ela ainda nem conhecia. Entretanto recebi um SMS dele para confirmar a que hora iria aparecer cá por casa, para lhe dar o que tinha prometido à hora de almoço. Decidi cancelar a oferta que lhe tinha feito e passar o resto da noite com a Joana. Tínhamos ainda muita coisa para falar.
Senti-o triste nas últimas sms´s que tínhamos trocado, por isso na próxima vez que estivermos juntos, terei de dar o "litro".
— Mas então e o sexo é bom? — Perguntou-me ela curiosa. Ela conhece-me bem e sabe que para eu falar do assunto, tem de ser algo de outro mundo!
— JO A NA, nem sei como te contar, nunca tive orgasmos tão bons no pouco tempo que estou na terra. O homem leva-me ao espaço, quais nuvens, quais quê! O sexo com ele é tão bom, que seria o dia todo, todos os dias.
— Jura? — Perguntou-me espantada.
— Juro-te, ainda hoje quando fui almoçar com ele, quase fizemos no carro.
— Opah, cala-te! E fizeram?
— Achas! Também tenho o meu limite, mas estava tão bom que me estava a deixar ir na onda.
— Opah que inveja, eu e o Luís a ultima vez que fizemos foi o mês passado.
— Então, mas o que achas que está a acontecer? Vocês dão-se tão bem! Nunca na vida pensei que sofressem dê-se mal - ri-me.
— Eu desconfio que ele anda a trair-me com alguma colega Laura!
— Como é que podes fazer uma afirmação dessas? Tens provas?
— Não, mas só pode. Ele já não me procura Laura! Antigamente também era em todo o lado, bastava mostrar um bocado de rabo ou mamas e lá íamos! Agora, até posso aparecer nua a frente dele que é como se tivesse vestida dos pés a cabeça, entendes? Só pode ser gaja! Ele anda a comer alguém, de certeza!
— Vá calma! Queres que tente conversar com ele? Tentar saber se aconteceu alguma coisa! Não me custa nada! Combinamos um jantar cá em casa, arranjamos a desculpa de que vos quero apresentar o Fred!! O que achas? É uma óptima ideia. Eu falo com ele, agora relaxa — Disse-lhe a servi-lhe mais um copo.
Custa-me ver a Joana neste estado. É uma óptima miúda, poucos namorados, sem grandes cavalgadas, simpática, linda de morrer! Nessa parte, eu própria morria de inveja dela!
Acabamos por dormir as duas no sofá.
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