Quarta | 5 de Fevereiro de 2020




Eram já 11h quando cheguei ao estúdio. Já não esperava encontrar o Paulo por lá, mas assim que fechei a porta, vi que ele estava numa chamada, sentado no sofá. Estava sério. Esperei por ele, antes de fazer o que quer que fosse. Sentei-me ao seu lado e ele desligou.

— Aconteceu alguma coisa?

— Cancelaram-me o concerto que tinha para este fim de semana.

— Então?

— Epah, cada vez está a aparecer mais casos deste vírus que anda por ai, querem jogar pelo seguro e decidiram desmarcar os espetáculos por enquanto.

— humm, que pena!! Gostava de te ir ver!

— Tens planos para o resto da semana? — Peguntou-me com um sorriso na cara.

— Como sempre trabalhar, porquê?

— Faz uma mochila... não precisas de muita coisa, roupa quente para a noite, e pelo menos 1 fato de banho.

— E onde vamos?

— Confia em mim, a minha mochila faço num instante, depois passamos em tua casa, para apanharmos a tua e pelas 16h arrancamos numa aventura!! Alinhas?

Ele estava com uma cara tão feliz, que não lhe quis fazer a desfeita, fiz sinal que sim com a cabeça.

Ele deu-me um beijo na testa e desapareceu. Aproveitei para enviar alguns e-mails, enquanto esperava.

Passámos então em minha casa, fiz a mochila num abrir e fechar de olhos, alguma coisa me valeu após tantos anos de escutismo.

Ás tantas estávamos numa serra, a entrar por um portão que desvendava uma herdade linda e tão bem tratada. Mas em vez de irmos á casa principal, fomos a um anexo onde ele guardava algumas coisas. Contou-me que aquela era a casa de família e que de momento ninguém morava lá.

Acabei por descobrir o que lá tínhamos ido fazer, quando vejo uma auto-caravana.

— Preparada? — Perguntou.

— Claro, vamos a isso!!

— Vais adorar!

— Com a tua companhia, acho que sim! Vai correr tudo bem!!

Passámos num supermercado para abastecer com comida, águas e vinho, muito vinho!

Quando chegámos ao destino, era já noite!! Consegui perceber, que estávamos perto do mar, mas estava muito escuro e não se via um palmo a frente. Fizemos umas sandes para jantar e servimos um vinho que acabámos por degustar lá fora no fresco da noite, enrolados numa manta quentinha.

— Posso fazer-te uma pergunta?

— Chuta! — Respondeu a olhar o vazio.

— Gostava de saber ao certo, o que somos?!

— O que é que gostavas que fossemos?

— Não me vais responder a uma pergunta com outra Paulo, por favor!

— Desculpa, bom, não sei, estive 3 anos numa relação, que acabou mal!!

— Queres falar sobre isso?

— Nem por isso!!

— Ok

— Gosto de estar contigo, ver-te feliz, é mais forte que eu!! Mas quero ser muito sincero contigo, não sei o que somos! Mas um dia descobrimos!

— Sim!! Só estranho, que, desde a noite que tivemos juntos, nunca mais tentas-te estar comigo, se é que me entendes!!

— Não penso noutra coisa!!

— E?

— Quero ir com calma, acho que temos aqui algo especial e não o quero estragar!! Compreendes?

— Sim...

— Vamos?? Está a ficar tarde e temos de acordar cedo!

Subimos para a caravana e deitamo-nos.

— Dorme bem.

— Até amanhã - disse, encaixando-me nele!!


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