Dois dias após o incidente na praia. Dois dias que quero esquecer. Entre tristeza, raiva, medo e ansiedade. Queria mandar-lhe uma mensagem, ligar, pedir explicações. Mas tive medo de parecer “desesperada”. “Não lhe vou mandar mensagem nenhuma agora. Ele pediu-me espaço. Mas… e se eu esperar e for um erro? E se ele interpretar o meu silêncio como desinteresse?”.
As noites, passeias a rolar na cama, com a cabeça a girar entre suposições e fantasias de reconciliação. “Talvez precise só de um ou dois dias para pensar e depois volte a dizer que me ama. Será isso?”.
Acordava á espera de uma mensagem dele, mas nunca chegou. A vontade de lhe enviar algo aumentava. Cheguei mesmo a escrever uma mensagem, mas não a enviei. Comecei a pensar em mim mesma, e em como fico sempre dependente de alguém. Talvez o esteja a sufocar. Talvez não devia ter dito que o amava. Será que foi cedo demais? O silêncio dele começou a pesar. Se ele não me procurar, será que deveria ser eu a tomar a iniciativa? Ou devia apenas aceitar que acabou!
Estava em casa sentada no sofá com o portátil no colo, mas a minha atenção estava longe do trabalho. O relógio na parede marcava quase 21h e eu estava a sentir realmente o peso do silêncio.
Olhei para o telemóvel que estava ao meu lado na mesa. Continuava sem nenhuma mensagem dele. Revirei os pensamentos, a tentar encontrar algum sinal. Peguei no telemóvel e hesitei, com o dedo pairando sobre o ícone de chamada. Respirei fundo e finalmente decidi ligar. O telefone toca por alguns segundos antes dele atender.
— Olá, Laura. — Atendeu com uma voz fria.
— Olá, tudo bem? Tens estado meio… distante.
Demorou a responder.
— Eu estou bem. Só… tenho pensado em algumas coisas.
Franzi a testa com o coração apertado.
— Sobre o quê? É sobre o que aconteceu na praia? Sobre o Fred? Sobre nós?
— Em parte, sim. É que… foi estranho, sabes? Perceber que ele ainda possa sentir algo por ti. Deixou-me pensativo…
Interrompi-o, desesperada.
— Pensar em quê? Paulo, eu já te expliquei tudo. Não existe mais nada entre nós. Ele é passado. Eu amo-te. Eu estou contigo.
— Eu sei disso, Laura. Mas não é sobre tu dizeres que me amas. É sobre como me sinto nisto tudo. Se isto é algo que eu vá conseguir superar.
— Superar? Estás a falar de quê? Estás a pensar desistir de nós?
— Não quero desistir. Mas preciso que entendas como me senti naquele dia. Eu confio em ti. Mas o que vi, abalou-me.
— Eu não posso mudar o que aconteceu naquele dia, mas posso prometer-te que ele não significa nada para mim. És tu que eu quero. Por favor, não deixes que isto nos afaste. — Disse a conter as lágrimas que teimavam em cair.
— Não te quero afastar, Laura. Mas preciso que tenhas paciência comigo. Dá-me um tempo para colocar tudo no lugar.
Com a voz embargada por causa do choro, respondi.
— Eu dou-te o tempo que precisares. Só… não me deixes. Podemos superar isto juntos.
— Não te vou deixar. Preciso ver-te e olhar-te nos olhos, para me lembrar que vale a pena.
— Então vem. Estou á tua espera.
Desligamos a chamada, e eu respirei fundo. Senti um misto de alivio e ansiedade.
Minutos depois o som da campainha preenche o silêncio que se fazia sentir. Corri para abrir a porta e encontrei-o, encharcado pela chuva lá de fora.
— Acho que temos de resolver isto agora.
Puxei-o para dentro e abracei-o com força.
— Vamos resolver juntos. Dois dias sem ti, e eu senti-me perdida.
Ele estava em silêncio, com os olhos cheios de emoção, como se estivesse a procura das palavras certas. Aquela proximidade trouxe-nos de volta a sensação familiar, o calor que os dois reconhecemos de imediato.
— Também senti a tua falta… mais do possas imaginar.
Soltei um suspiro, ergui a mão para lhe tocar no rosto, os dedos delicadamente traçaram-lhe a linha do maxilar. Ele fechou os olhos por um breve momento, inclinou-se ao toque, como se aquele gesto simples fosse o que ele precisava para se sentir inteiro novamente. Quando ele abriu os olhos, eu estava ainda mais perto. Encaramo-nos por um instante, trocamos olhares sem dizer uma única palavra. Então, lentamente, ele ergueu as mãos e segurou no meu rosto, puxou-me para si com uma delicadeza firme.
O primeiro toque de lábios foi suave, quase hesitante, como se estivéssemos a testar o terreno. O beijo tornou-se mais profundo, carregado de saudade e paixão acumulada. Movemo-nos com uma urgência silenciosa, como se tentássemos recuperar o tempo perdido dos últimos dias de afastamento.
As minhas mãos deslizaram pelos seus ombros, e segurei-o como se temesse que ele volta-se a desaparecer. Ele puxou-me ainda para mais perto, e os nossos corpos ajustaram-se de forma natural, como peças de um puzzle que finalmente se encaixam. Afastamo-nos brevemente, para respirarmos, mas sem nos largarmos. Ele encostou a testa na minha, de olhos fechados, enquanto murmurou:
— Não quero mais ficar longe se ti, Laura.
— Então não fiques. — Disse com um sorriso emocionada. Ele sorriu-me de volta. O momento foi preenchido apenas pelo som da chuva lá fora e a nossa respiração.
Movemo-nos juntos pela sala. Trocamos olhares, toques e beijos que mostravam que apesar das duvidas e magoas, o amor que partilhávamos ainda estava mais forte.
Fomos assim até ao meu quarto. Quebrou o silencio quando me falou do desejo, enquanto deslizava as mãos sobre o meu corpo trêmulo. Rendi-me á explosão de sentimentos. Deitei-me na cama á espera de ser possuída por ele. Voltamos a beijar-nos e senti-me cada vez mais molhada, enquanto ele deitava o corpo sobre o meu.
Beijou-me e moveu o rosto para me beijar também o pescoço e a minha orelha. Arrepiou-me toda. Suavemente foi descendi ate chegar aos meus seios e os chupar delicadamente.
— Gostas disto? — Sussurrou, enquanto me chupava os mamilos.
— Sabes… bem… que sim!
Tirou-me a roupa e enfiou a mão nas minhas cuecas, e friccionou-me antes de as tirar.
Quando começou a beijar-me entre as pernas, olhou-me nos olhos:
— É assim que gostas…
Sem palavras, apenas gemi de prazer. Fiz com que voltasse, pois já não conseguia esperar mais.
Assim que ficou em cima de mim, apalpei-lhe a ereção. Queria-o dentro de mim, mas ele começou novamente a lamber-me, a língua no meu sexo levou-me a loucura. Cheguei ao orgasmo rapidamente pela boca dele. Quando me penetrou, gemi, senti o membro dele a entrar e sair com tanta urgência e carinho.
Após satisfazermos os nossos desejos, aconcheguei-me no seu peito e disse-lhe:
— Obrigada, por não desistires de nós.
Dormimos. Dormimos o que não dormimos durante 2 dias.
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