Já de manhã saí de casa cedo! Como não consegui pregar olho, decidi começar o dia com uma caminhada! Enquanto esperava que a máquina do café aquecesse, vesti uma roupa leve e calcei os ténis. Entretanto tirei o café e sentei-me ali mesmo no balcão. O meu telemóvel mostrava que tinha uma mensagem ainda por ler. "Estou bem, depois falamos! Não precisas estar sempre a ligar. bj JOANA". O quê? Passou-se a miúda! Voltei a ligar-lhe e nada, direto ao voice-mail.
Na rua coloquei os phones e comecei a aquecer. Havia já umas quantas pessoas a fazer o mesmo e muitas outras até a acabar. Fixei o mar e o que restava do nascer do sol. Respirei fundo e comecei. Para variar, a cabeça não parava. Tenho andado bastante confusa com tudo o que se tem passado. Acelerei o passo. Tantas perguntas e nenhuma resposta, Porquê o Fred? Porquê o Paulo? O que aconteceu à Joana? Porque não fui honesta com os dois? Porque não sou honesta comigo mesma! Que raiva!
Parei, já sem fôlego e com dor de burro! Tinha chegado á praia seguinte e apercebi-me que o tempo estava a mudar, o céu estava a começar a ficar negro no horizonte. Ainda assim o mar estava cheio de surfistas.
Parei ali mesmo, para recuperar, enquanto bebia uma água, apercebi-me de alguém a sair do mar, bastante familiar. Estava sem óculos e sem lentes de contacto, mas a silhueta era-me realmente conhecida. Fiquei tão curiosa que não desviei o olhar.
— pfffff, Paulo! Só podias ser tu!
— Bom dia, para ti também! Só podia ser eu? Então, queres explicar-me essa?
— És a única pessoa que conheço que estaria nesta altura do ano e a esta hora a sair do mar.
— Sim, precisei do mar!
— Então o que aconteceu? — Fiz-me de tonta.
— Estás a brincar comigo? — Com isto, desviou o caminho, para se afastar.
— Paulo, espera, por favor! Temos de falar! Podemos falar? — Supliquei.
— Sim, Laura, temos de falar, mas não hoje… hoje não consigo nem olhar para ti. Não me leves a mal, mas preciso de tempo para processar o que aconteceu ontem. Agora encontro-te aqui e fazes-te esquecida! Isto não é certamente para mim!
— Paulo, por favor, também não é motivo para tanto! Diz-me por favor, o que te chateia tanto. Diz-me tudo, sem filtros.
— Laura, o Fred? O que me chateia é o Fred!! Ele é o que? Teu marido? Teu namorado? Não pensas-te sequer em contar-me esse pormenor, não achas que é um pormenor importante, depois de nós…
— Depois de nós, o que, Paulo? Estivemos juntos uma vez! Não pensei que fosse voltar a ver-te sequer! Para além de que o Fred é um amigo especial, estamos juntos quando queremos é só isso, não temos nada sério! Não somos exclusivos! Não temos nenhum compromisso um com o outro, se é que me estás a perceber. E estou a dizer-te a verdade!
Ele estava demasiado sério, olhava o mar, estava completamente perdido no infinito. Não tinha ainda conseguido encarar-me nenhuma vez.
— Vais falar comigo? — Voltei a insistir.
— Preciso pensar! Dá-me um tempo, depois ligo-te!
Assim fiquei, abandonada, vê-lo a caminhar no sentido contrário ao meu. Aquele sentimento de rejeição foi o pior de tudo. Voltei a encostar-me na cadeira e fiquei por ali a pensar em tudo o que estava a acontecer, neste último mês.
Tentei ligar novamente à Joana, a situação já estava a passar os limites. Ela não podia desaparecer assim, e enviar-me uma SMS como aquela. Tocou e nada, mais uma vez nada, diretamente para o voice-mail.
— Merda!!
A caminho de casa, tomei a decisão de que durante as próximas semanas darei um tempo a tudo. Não quero saber de nada nem de ninguém. Vou dedicar-me a 100% ao meu trabalho e a mim.
Tenho mais dois projetos a entrar e quero que corra tudo bem.
Quando subi no elevador e me olhei ao espelho, só pensei no que teriam eles visto em mim. A porta do elevador abriu e assim que saí vi a minha porta aberta. Ter-me-ia esquecido de fechá-la!
— Joaaaana?? — Gritei — Freeed?
Aproximei-me. Para meu espanto, toda a casa estava remexida, tudo destruído… hesitei a entrar, com receio de que ainda lá estivesse alguém! Fiquei em silêncio. Não ouvi nada… e decidi entrar para ver os estragos. Procuravam alguma coisa, de certeza, e não bastou remexerem como também partiram todas as minhas coisas. Notei rapidamente que o meu computador, o portátil, o tablet e todos os meus discos externos tinham desaparecido. Desapareceu tudo… e nisto senti uma dor na cabeça.
— Aii… aiiii…
Comecei a despertar e senti a cabeça pesada. Passei a mão e vi sangue. Meu Deus o que é que acabou de me acontecer? Questionei!
Levantei-me, ainda zonza, olhei em volta, não tinha sido um sonho, a casa estava realmente toda destruída. Lembrei-me de confirmar se realmente o meu material tinha desaparecido. Afinal, sempre havia alguém ainda dentro de casa quando cheguei. Esse alguém deu-me com alguma coisa na cabeça que me deixou inconsciente e fugiu.
— Deixou-me viva, já não é mau! Disse em voz alta.
Procurei o meu telefone que estava debaixo do sofá. Automaticamente liguei à Joana, mas mais uma vez não atendeu. Liguei ao Fred!
— Não mexas em nada, estás a ouvir, não mexas em nada e liga já para a Polícia! Aliás, fica sossegada que eu trato de tudo! — Disse nervoso e acelerado.
— Okay, estou com medo de ainda não estar sozinha.
— Estou a ir, o Xavier fica na loja, já estou a caminho. Laura, não mexas em nada! Vamos apanhar quem fez isso!
— Obrigado Fred, até já! — Desliguei.
Olhei em redor. Parecia a cena de um filme. Ainda estava a tentar perceber o que tinha acontecido! Porquê eu? Porquê a minha casa? Porquê as minhas coisas?
Quando o Fred chegou, já lá estava a polícia e os peritos à procura de provas. Eu estava sentada no que restava do sofá.
— Estás bem? — Perguntou e abraçou-me com tanta força que quase fiquei sem ar!
— Aii, aii... — Digo agarrando-me á cabeça!
— Desculpa, desculpa.
— Sim, estou bem, um pouco zonza e dorida pela pancada, mas mais calma agora.
Ele voltou a abraçar-me e deu-me um beijo.
— Já conseguiram perceber o que aconteceu? A polícia já te disse alguma coisa?
— Não, ainda nada em concreto. Achamos estranho que tenham levado só os meus materiais de trabalho… mas comentaram que para além disso deviam estar à procura de mais qualquer coisa! Tenho tudo destruído Fred, até o enchimento das almofadas, eles sacaram fora. Que raios andariam à procura!? — Disse, enquanto me caiam as lágrimas.
— Sim, é realmente muito estranho, mas vamos deixá-los trabalhar! Passas a noite lá em casa, não te quero aqui sozinha!
— Obrigada, obrigada por cuidares tão bem de mim!
Já era de noite quando fechei a porta de casa, ou do que sobrou dela. Aceitei o convite e fui passar a noite com ele. Como moramos relativamente perto, não precisei levar muita coisa.
— Posso tomar um duche, Fred?
— Claro que sim princesa, não precisas de perguntar, estás em casa. Fica à vontade! Vou fazer algo para comermos, tens fome?
Acenei que sim com a cabeça e esbocei um sorriso de agradecimento. Como é bom ter alguém que cuide de nós!
Sentia-me exausta!
Já despida na casa de banho, vi-me ao espelho e hoje especificamente não gostei do que vi… senti o meu corpo a envelhecer e a ser cada vez mais difícil manter a forma. Respirei fundo, afastei esta nuvem de falta de autoestima para longe e entrei no banho!
Tinha deixado a porta entre aberta, para ouvir o Fred, caso ele falasse comigo. A água estava óptima, quentinha, resolvi curtir e aproveitar o banho para relaxar. Merecia, depois do que tinha acabado de acontecer.
Enquanto lavava o cabelo apercebi-me que ele estava ali do outro lado da porta, a observar-me! Na verdade gostei de saber que ele estava ali, a olhar, e só por causa disso, decidi provocá-lo. Comecei por fazer movimentos sensuais com as mãos, descendo-as do pescoço, peito, barriga, costas e só isso foi o suficiente para me deixar louca. Continuei como se estivesse sozinha, comecei a acariciar-me e a ficar cada vez mais excitada, foi ai que percebi que também ele já se tocava. Desapertou a calça e continuou a observar-me. Continuei a provocá-lo. Olhei diretamente para ele e disse:
— Queres entrar?
— Desde que chegámos, mas primeiro vou deixar-te mais louca, até que me implores que te coma!
Ele tirou a roupa, entrou no banho e beijou-me. Passou as mãos pelo meu corpo. Só o toque me excitou ainda mais. Virou-me de costas e agarrou-me os seios, beijou-me o pescoço. Delirei. Ele desceu as mãos e acariciou-me. Eu gemi. Acariciei-o também, ele estava duro e quente. Estávamos loucos de prazer. Encostou-me à parede e deslizou a boca até lá abaixo. Chupou-me como se não houvesse amanhã. Eu queria retribuir-lhe tudo aquilo e pedi-lhe para irmos para o quarto. Deitei-o na cama. Chupámo-nos e gememos de prazer até gozarmos na boca um do outro.
Ele abraçou-me e disse-me ao ouvido:
— Ainda não acabei!
Assim que me disse aquilo, eu já estava pronta para a segunda ronda. Queria muito senti-lo dentro de mim. Abraçados, recuperamos o fôlego.
Ele pôs-me de quatro, para o sentir bem fundo! Estava totalmente entregue. Era maravilhoso o sexo com ele. Quanto mais ele dava, mais eu queria. Continuamos ali, maravilhosamente de quatro, até que fui eu para cima, cheia de tesão.
— Freeed... — Gritei.
Ele colocou-me novamente de quatro e penetrou-me devagarinho, enquanto me acariciava. Gemi ainda mais alto.
— Laura, onde andavas tu escondida! És maravilhosa! — Disse-me ao ouvido.
Abraçamo-nos, beijamo-nos.
— Adoro-te miúda!
— Também gosto muito de ti!
Adormecemos, enroscados um no outro. Acabámos por nem comer o que ele tinha preparado.
Acordei de madrugada, eram ainda 3h20. Ele dormia ali ao meu lado, calmo, sereno e nu. Que homem! Estava cheia de sede, então levantei-me para beber água e fui à cozinha. Vi que tinha uma mensagem por ler, então peguei no telemóvel que estava no balcão. A mensagem era do "corredor" que dizia que tinha saudades minhas. Na realidade eu também tinha saudades dele. O que era uma estupidez, porque ainda a umas horas nos tínhamos cruzado na praia. Mais estúpido é sentirmos saudades de uma pessoa com quem tivemos pouco contacto. Só tínhamos estado uma vez "juntos", mas tinha um grande carinho por ele. Decidi responder à SMS - “Saudades tuas e das nossas conversas sem fim”.
Ele respondeu-me logo a seguir:
“Ainda acordada?”
“Sim, muita coisa aconteceu desde que te vi hoje, conto-te noutra altura.”
”Quando e onde?”
Gargalhei com a resposta, e vejo que mudou a atitude comigo…
“Falamos depois, vai dormir! bj”
Bebi a água e apareceu o Fred.
— Está tudo bem?
— Sim claro, estava sem sono.
— Anda precisas descansar, temos de ir à esquadra logo cedo.
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