Decidimos ter um jantar só os dois. Na minha casa. A comida, na verdade, era apenas um pretexto para estarmos juntos, para partilhar aquele momento íntimo que parecia ser o único lugar onde o tempo parava e a realidade desaparecia. Cozinhámos lado a lado, mas eu mal prestava atenção ao que fazia. A minha atenção estava toda nele — nos gestos tranquilos que ele fazia, na forma como sorria para mim sem motivo algum, apenas pela simples alegria de me ter ali.
Enquanto mexia na panela, senti-o aproximar-se por trás, o seu calor envolvendo-me de uma forma que me fez perder o foco. Ele deslizou os braços ao redor da minha cintura, fazendo com que a respiração me falhasse por um instante. O toque suave das suas mãos na minha pele, o calor do seu corpo contra o meu, fizeram com que a cozinha se transformasse num espaço íntimo, um refúgio só nosso.
Ele beijou a curva do meu pescoço, o toque dos seus lábios quente e delicado, mas com uma intensidade que me fez estremecer.
— Assim, não consigo cozinhar! — Protestei, tentando dar-lhe um empurrão de brincadeira, mas a minha voz traiu-me, revelando o quanto aquele simples gesto me afetava.
Ele sorriu contra a minha pele, com aquele sorriso que sabia como derreter todos os meus medos e inseguranças.
— Então deixa isso e vem dançar comigo. — A sua voz estava rouca, baixa, como se o convite fosse mais do que um simples pedido, como se ele soubesse exatamente o que aquela dança representaria para nós dois.
Pegou no telemóvel e pôs uma música lenta, a melodia suave preenchendo o espaço entre nós. Hesitei por um momento, sentindo a incerteza que se cria antes de algo novo, mas ele puxou-me para perto, e a dúvida desapareceu. Eu rendi-me, como sempre me rendi a ele. Os meus braços envolveram-no, e, sem dizer mais nada, começámos a dançar ali, na cozinha, sem pressa, num compasso só nosso. Os nossos corpos moviam-se juntos, a música se tornando apenas um pano de fundo para a intensidade do que acontecia entre nós.
O olhar dele era intenso, e eu podia ver no brilho dos seus olhos que ele estava a perder-se na mesma paixão que me consumia. Beijou-me primeiro com doçura, como se estivesse a saborear cada instante daquele momento, e eu correspondi com a mesma suavidade, sentindo a ternura na forma como ele tocava os meus lábios. Mas a necessidade de estar mais perto, de estar completamente imersos um no outro, logo tomou conta de nós.
O beijo evoluiu, tornando-se mais urgente, mais profundo. As mãos dele exploraram o meu corpo com a familiaridade de quem conhece cada curva, cada reação minha. A minha respiração ficou mais pesada, e o meu corpo reagiu ao toque dele, à forma como ele me fazia sentir desejada sem dizer uma palavra. Os nossos corações dispararam, sincronizados, e a química entre nós parecia irremediável, impossível de ignorar.
Deixei-me levar. Cada carícia, cada toque, cada beijo, era uma entrega, uma promessa de que, naquele momento, não havia mais nada no mundo além de nós dois. O tempo perdeu o seu significado, como se o relógio tivesse parado. Não havia pressa, não havia preocupações. Só havia o prazer de estar ali, com ele, a explorar a nossa cumplicidade de uma forma única.
A noite estendeu-se entre carícias e beijos, com cada segundo a parecer mais precioso que o anterior. Amámo-nos sem pressa, como se soubéssemos que aquilo que partilhávamos naquele momento era algo raro e inestimável. O desejo, misturado com a ternura, fez com que cada toque fosse mais profundo, mais verdadeiro, e, quando finalmente nos entregámos um ao outro, foi como se o mundo inteiro desaparecesse à nossa volta. Não havia mais nada, apenas o amor, o desejo e a entrega total de um para o outro.
E quando a noite chegou ao fim, já não era só o corpo que estava exausto. A alma também, mas de uma forma que só o amor e a intimidade partilhada podem trazer.
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