Saímos para jantar num restaurante pequeno, um dos nossos preferidos. O cheiro familiar da comida recém feita. Mas, desta vez, o ambiente estava diferente. As mesas estavam espaçadas como se estivessem em zonas de contenção, e os empregados usavam luvas e máscaras. O cheiro do álcool gel pairava no ar e, por mais que tentássemos ignorar, algo não estava certo.
Havia quem olhasse em volta com desconfiança sempre que alguém tossia, como se o simples som fosse uma ameaça invisível.
O empregado trouxe os nossos pedidos com um sorriso educado, (calculo eu, pois estava de máscara na cara) mas até ele parecia apreensivo, como se a proximidade fosse um risco calculado. Dei um gole na minha bebida, e senti um peso estranho no peito.
— Se calhar devíamos evitar sítios assim por uns tempos — Comentei, pousando o copo com cuidado.
Normalmente, ele tentaria minimizar a situação, dizer que tudo não passava de exagero, e que as coisas voltariam ao normal. Mas, desta vez, a expressão mudou.
— Talvez tenhas razão — Admitiu, sem desviar o olhar do prato.
Continuámos o jantar, mas sem aquela leveza de sempre. As conversas vinham entre silêncios mais longos do que o habitual, como se ambos tentássemos ignorar o que estava a acontecer. Conversámos sobre o trabalho, sobre o que faríamos no fim de semana (que, na verdade, provavelmente seria em casa, a assistir alguma série, se a quarentena chegasse), mas a leveza não estava ali.
Pedimos a conta, e o Paulo levantou-se para a ir pagar, eu fiquei ali, a observar as luzes fracas.
— Vamos? — Perguntou ele, com a voz um pouco mais séria.
Senti a despedida no ar, mas não queria que aquele momento acabasse.
— Sim, vamos.
Saímos para a rua, e a noite estava fria. O céu estava limpo, mas a brisa cortante fazia com que eu me encolhesse ligeiramente. Ele pegou na minha mão, sem dizer nada. O toque simples parecia mais íntimo do que qualquer palavra dita. Caminhámos juntos até ao carro dele, e a tensão era palpável. Eu queria estar mais perto dele.
Quando chegámos ao carro, ele hesitou por um momento, e a pergunta ficou no ar: “Vai ser aqui a despedida?”
Olhei para ele, o rosto dele mais próximo, e não consegui mais segurar o que estava a transbordar.
— E se não fosse? — Sussurrei, com as palavras a escaparem-me sem querer.
Ele não disse nada, mas a forma como me olhou… não deixou dúvidas. O calor entre nós aumentou, e antes que eu percebesse, puxou-me para dentro do carro.
A viagem até à casa dele foi curta, mas cheia de uma eletricidade que nos envolvia a ambos. Quando chegámos ao apartamento, ele não teve medo de fazer o que já sabíamos que ia acontecer. Entrámos em silêncio, mas com os corpos a falarem por nós. O tempo parecia ter parado.
Ele fechou a porta e, sem perder tempo, puxou-me para si. O beijo foi feroz, como se estivéssemos a tentar apagar todos os meses de distanciamento e incerteza que poderiam chegar. As mãos dele exploravam-me, e a minha procurava-lhe a pele, como se tentássemos absorver tudo o que ainda havia de bom nesse momento.
De repente, ouvimos o barulho de algo a cair no chão. Antes que ele se baixasse, baixei-me eu e apanhei o telemóvel que estava aos pés dele. De joelhos, os meus olhos seguiram pelas suas pernas, até chegar-lhe ao bolso, onde coloquei o telemóvel. Ao lado, o membro dele pulsava, duro. Deslizei a minha mão para o apalpar. Ele abriu o fecho e tirou o cinto. Chupei-o. Dava para sentir as veias na minha língua. Senti a mão dele atrás da minha nuca. Eu, molhada, já só queria mais. Ele puxou-me para cima e beijou-me, enquanto brincava com os dedos dentro de mim. Ele é bom demais, para ser verdade, pensei eu. Começou então a chupar-me. A língua dele, chegava a todos os lugares, enquanto “sugava” o meu clitóris. As suas mãos acariciavam-me os seios. Até que senti um fervor subir pelo meu corpo e gemi. Ele aumentou a pressão da língua e a intensidade também. Prendi-lhe a cabeça com as pernas e gozei. Sem parar, ele beijou-me e agarrou-me, os nossos corpos colados, deitados em cima da mesa da sala. Senti-o entrar em mim de repente e gritei de prazer. Investia em mim, bem fundo, sem parar, no início lento e depois mais rápido.
Arranhei-lhe as costas e ele meteu ainda mais fundo. Ouvi-o gemer, junto ao meu ouvido, e sabia que ele estava quase. Levantou-me da mesa, segurou-me pelas coxas e ficámos de pé, encostados á parede. Prendi as minhas pernas ao redor do seu corpo nu. As unhas dele afundavam na carne das minhas coxas. A intensidade aumentou. Sentia-o a bater em mim. Até que ele deu o último gemido, com a voz grossa e rouca, a olhar para mim, sem parar de meter. Rolei os olhos de prazer e beijámo-nos. Eu não queria sair daquela posição e ele não queria sair de dentro de mim. Senti-lo duro e a pulsar é bom demais.
O que começou com urgência, transformou-se numa dança íntima, cheia de necessidade, desejo e um toque de vulnerabilidade. O calor do corpo dele misturava-se com a tensão do mundo exterior, mas ali, naquele momento, éramos só nós.
Foi quente. Foi intenso. E, por algum tempo, o mundo à nossa volta desapareceu.
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